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Mini resenha: Camus – O Absurdo no Cotidiano.

Sobre o “Absurdo”

O absurdo não é uma palavra: é um conceito. O universo, claramente, é um lugar irracional. Em toda a sua jornada de existência a raça humana sempre tentou responder uma única questão: “Qual o sentido da existência?”.

Mas será que essa existência realmente tem um sentido? Ou seria apenas uma questão irrelevante diante de todas as outras questões a serem respondidas?

A constante guerra contra essa irracionalidade do universo é a luta travada há séculos pelo “ser”, esse desejo insaciável por clareza que ecoa no coração humano é o que define o absurdo.

“O absurdo depende do homem, tanto como do mundo para existir. O absurdo nasce dessa confrontação entre a necessidade humana e o silêncio irracional do mundo.”

— O mito de sísifo. página: 21

“(…) o universo em que vivemos não é absurdo; ele tem lógica e leis, nós o entendemos através da ciência.”

Quais questões a ciência se propõe a responder? Essas respostas satisfazem as perguntas que a mente humana faz?

O mundo, por não ser racional, não se preocupa em responder aos nossos questionamentos. Por outro lado, os humanos são um problema para a existência, pois constantemente se questionam sobre coisas secundárias — coisas que a princípio não nos devem tanta importância –.

O ato de se conformar com respostas sobre as questões da humanidade pode ser chamado de “Suicídio Filosófico”, descrito por Camus como uma saída cômoda, um insulto à existência.

O Absurdo no Cotidiano

“Cenários desabarem é coisa que acontece. Acordar, bonde, quatro horas no escritório ou na fábrica, almoço, bonde, quatro horas de trabalho, jantar, sono e segunda terça quarta quinta sexta e sábado no mesmo ritmo, um percurso que transcorre sem problemas a maior parte do tempo. Um belo dia, surge o ‘por quê’ e tudo começa a entrar numa lassidão tingida de assombro. ‘Começa’, isto é o importante. A lassidão está ao final dos atos de uma vida maquinal, mas inaugura ao mesmo tempo um movimento da consciência. Ela o desperta e provoca sua continuação. A continuação é um retorno inconsciente aos grilhões, ou é o despertar definitivo. Depois do despertar vem, com o tempo, a conseqüência: suicídio ou restabelecimento.”

— O mito de sísifo. página: 23.

“Aqueles cenários disfarçados pelo hábito voltam a ser o que são (…)”

— O mito de sísifo. página: 24.

A constante necessidade humana de mascarar a sua realidade, apesar de tornar ela mais interessante, tem data de validade. Isso causa um choque, pois o hábito, o ciclo, a rotina nos torna alheios a própria existência – tal qual máquinas –, e quando a consciência nos atinge entramos em um estado de choque total. Essa queda diante daquilo que somos, essa náusea é também o absurdo.

É interessante pensar nisso, pois creio que seja algo comum para todo ser humano que tenha uma rotina – ou seja, todo mundo rs –, essa rotina exaustiva que suga até a última gota da sua mente se torna necessária para mitigar esse retorno à consciência, nós precisamos enfeitar os aspectos da nossa vida para parecermos de certa forma “menos tristes”, esse fardo da existência exige que nós nos adaptemos para criarmos ocupações.

Como dizem as más línguas: “cabeça vazia é oficina do diabo”.

Isso é claramente uma reflexão muito rasa sobre a vastidão da filosofia do Camus, porém eu estou lendo suas obras e anotando, uma hora ou outra sai algo que eu acho interessante de postar, e aqui está. Não tenho nenhum intuito além de expôr algumas das minhas anotações que faço para estudo pessoal – eu amo ampliar a minha visão de mundo sobre tudo –.

#Instrospecção #Absurdismo