Sobre: A terceirização do pensamento crítico
Contexto
Atualmente, a cobrança dentro do mundo de software vem aumentando muito, com isso, o imediatismo relativo a resultados tem se tornado maior ainda.
Essa constante cobrança por entregas não necessariamente gera uma conversão equivalente em conhecimento, ao meu ver incentiva o completo oposto. Industrialização de software sem o intuito de aprender ou aprimorar processos que são considerados lentos ou medíocres.
Não digo isso de programadores competentes, e sim de pessoas que geram os seus códigos apenas usando I.A. sem nenhum pensamento crítico dentro do processo de criação de software.
Atitudes como essa, inevitavelmente, acabam gerando um código nada manutenível, um código espaguete e sem nenhum intuito de ser performático.
Experiências pessoais
Tendo um contato maior com cobranças dentro de uma empresa de grandíssimo porte, tenho total consciência de que fazer códigos perfeitamente arquitetados, projetados e escaláveis é uma utopia — dentro dos prazos que são pedidos —.
Prazos curtos acabam gerando entregas mal feitas, pois mal se consegue fazer um MVP completamente testado no período pedido, esses prazos geralmente surgem da cabeça de pessoas que nunca sequer tiveram o contato com desenvolvimento e acabam que por se deslumbrar, ao pensar que o programador é alguma espécie de alquimista com poderes mágicos.
Decepção pessoal
Venho enfrentando um imenso dilema pessoal, pois isso implica diretamente na minha evolução como desenvolvedor, um desenvolvedor competente que entende todos os processos dentro da construção de um desenvolvimento. O uso de I.A.’s podem sim acelerar e muito o processo de criação de software, porém, o uso de ferramentas como essa por pessoas como eu — leigos dentro da área —, ao meu ver, acabam gerando um certo “atrofiamento” no pensamento crítico.
Devido às cobranças sob demandas dentro do estágio, tenho utilizado MUITO de I.A.’s, pois não foi me dado o tempo hábil para aprender as tecnologias que trabalho,em seus meandros — além de ser incentivado —. E isso de certa forma tem me gerado mais resultados imediatos, mas sinto que a longo prazo essas atitudes não vão me trazer nenhum tipo de benefício, eu acabo que por virar um grande generalista de software, que não sabe profundamente sobre nenhum processo dentro da programação.
Dentro disso, gostaria de tomar um rumo diferente, isso sendo um ato de amor pelo meu “eu” do futuro. Diminuir o uso de Inteligência Artificial na minha vida é um passo crucial para o verdadeiro aprendizado, eu acabei me acomodando muito, e basicamente uso dela como um “Oráculo” — a detentora de todo o conhecimento —, como se eu não fosse capaz de ir atrás por conta própria.
Eu preciso ir atrás do conhecimento de forma guiada e consciente, eu preciso ir de contramão com o “padrão” de aprendizado atual — perguntar os passos, ou como fazer algo, diretamente para a I.A. —, eu preciso usar dessa ferramente como se ela fosse um grande estagiário, que segue as minhas ordens e resolve problemas de uma forma totalmente segmentada e detalhada previamente por ordens dadas por mim — aquele que realmente tem um conhdcimento profundo dos processos de desenvolvimento —.
De qualquer forma, isso continua sendo muito ambicioso e utópico, eu preciso colocar isso em prática antes de vislumbrar uma realidade na qual isso realmente acontece.
Conclusão
O aprendizado na área da computação é complexo e amplo, assim como em qualquer área do conhecimento, porém o fato de termos contato direto com ferramentas de “terceirização” do pensamento, acabam esvaziando o pensamento de futuros profissionais da área — caso usada da forma errada —. O conhecimento não é algo imediato, e sim algo construído a longo prazo, o BRIO é essencial em momentos assim, pois criar o costume de não resolver problemas sozinhos, e apenas delegar a resolução para uma LLM, pode acabar torrando totalmente a sua capacidade de desenvolver todos os tipos de pensamento crítico em todas as áreas da vida.
